quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Crescer não é nada fácil. Ter que enxergar que os sonhos da infância nada passaram de contos de fadas, desses que só existem em livros escritos por adultos que enxergavam o mundo além desta realidade cruel e estranha, é difícil. Este real que agride, que te cobra, que toma suas energias num cálice de cristal, até você se encontrar em pó, preste a ser levado por qualquer vento que te bata. Trocar desenhos animados e massinhas de modelar por responsabilidade e mágoas não é nada fácil ou prazeroso. As cantigas de ninar me fazem falta nas noites onde o bicho papão vem me visitar. Contar carneirinhos é em vão hoje em dia, a magia se perdeu em meio às milhares de frustações acumuladas. Bastasse perder o encanto, também perdi pessoas, os tais jurados “amigos para sempre” se eternizaram em um passado que não se revive, que apenas volta em forma de lembranças para tornar as coisas ainda piores. Maturidade não é algo que brota de repente com um pouco de pó de pirlimpimpim, ela é um pouco como as árvores que crescem lentamente e enfrentam: chuva, sol, temporal. Sofrem com as agressões naturais até se tornarem robustas e fortes. Elas também são marcadas por amores, exemplifico dizendo sobre o coração tatuado com as iniciais do casal apaixonado em seu tronco, posso dizer então que me sinto como a árvore. Nasci pequena, cresci e à medida do tempo passei por dádivas e tempestades, essas que levaram pedaços de mim junto ao vento, como as folhas. Aprendi em meio ao sol, chuva e luar, fui marcada pelo amor. Tudo passou lentamente, um pouco de cada vez, posso dizer que ainda não sou forte ou madura suficientemente, ainda mais porque as coisas parecem piorar sempre. Se eu pudesse voltar, voltaria para lá, embaixo da minha cabaninha em meu quarto, aquela com os lençóis de minha mãe, onde estava rodeada pelos meus ursos de pelúcia, onde eu podia estar salva do mundo lá fora, onde eu tinha meu mundo perfeito. Hoje as coisas são diferentes, o tempo não passa, ele corre, e às vezes não consigo acompanhá-lo. As vezes, eu só queria pausar essa loucura e ver apenas os detalhes passarem por mim como câmera lenta, sentir os aromas e sorrir para a manhã. A plenitude da beleza natural com toda certeza me fariam um grande bem. Mas o mundo está ocupado demais para tentar entender o que quero dizer. Eu só queria que os telefonemas fossem substituídos por diálogos presenciais, que as pessoas soubessem o quanto um abraço pode ser mais valioso que o dinheiro, eu queria a simplicidade do tempo dos meus avós de volta. Que todos nós pudéssemos ser eternas crianças, que amam verdadeiramente e são límpidas como as águas cristalinas de uma serra. Falta paz, pureza e verdade no mundo, falta muita coisa por aqui… me falta. E o vazio me deixa assim, nesse estado de nostalgia de um tempo que não volta mais. Que venha então a vida adulta, a vida que eu queria que não existisse. *

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